segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Acordei. Não sabia que horas eram exatamente. Eu só sabia que dormia há muito, muito tempo. Mais do que 5 horas, 12 talvez, 3 dias. Eu não sabia ao certo. Senti fome. Mas ao mesmo tempo um enjôo tão grande. Resolvi esperar. Fiquei olhando pro teto.

Acho que passaram uns 30 minutos. Resolvi levantar. Fiquei um pouco tonta. Caminhei até o banheiro. O espelho parecia meu pior inimigo e eu não conseguia reconhecer aquela pessoa ali na frente dele. Parecia uma estranha. Era uma estranha. Com cara de pedinte, com o cabelo bagunçado.

Ainda não sei ao certo há quanto tempo eu estava daquele jeito. Mas eu precisava tomar um banho, um café, um susto, qualquer coisa que fizesse com que eu voltasse à realidade.

A secretária marcava uma mensagem de voz. Era a minha mãe. No celular haviam umas 5000 chamadas perdidas dela. Só dela. Mais ninguém.

A minha única alternativa era retornar a ligação, com a melhor voz que eu poderia fazer e dizer 'Estou bem, não se preocupa!'. É claro que eu fiz aquilo. Eu sou tão previsível. Toda a minha previsibilidade era o que mais me cansava. A culpa não era de um fim de relacionamento, era da minha previsibilidade e o quanto isso me cansava. 'Sim senhora, não senhora, sim querida amiga, sim monte na minha cabeça, sim eu espero você, sim eu serei sua irmã adorável e protetora.' Eu conseguia dizer sim pra todo mundo, menos pra mim. E as pessoas ainda querem que você faça sorrindo, faça exatamente tudo o que elas querem e de uma forma feliz. De uma forma falsa, mas feliz. Isso não fazia mais cabimento, isso já não tinha mais espaço. Dessa vez eu vou apenas ouvir.

Abri as janelas do meu quarto e deixei o sol entrar. Sentei no sol. Eu só queria sentir aquela luz no meu corpo. Sem cobranças. Ela vinha, me aquecia e não haviam cobranças. E por quê todas as outras coisas no mundo não podem ser dessa forma? Sem tanto dizer, apenas sentir.

As palavras. Elas me cansavam. Por mais que eu soubesse que essa situação louca em que eu me encontrava precisava acabar eu estava gostando tanto. O meu celular me cansava, as pessoas, a procura, a ansiedade. Era tudo, não era só ele. Não era só você. A razão era tudo. O meu mundo todo.

A partir do momento em que eu aceitei que eu precisava passar por isso, por mais louco que fosse, era melhor assim. Eu me sentia melhor do que mentindo e sorrindo o tempo todo.

A casa estava silenciosa. Eu podia ouvir a minha própria respiração. Ela me bastava. Pensei em você, no quanto eu te amava e sabia que ninguém iria te substituir. Ninguém me beijaria do mesmo jeito que você, ninguém choraria comigo do jeito que você chorou naquela despedida no aeroporto, ninguém veria filmes comigo até eu dormir, ninguém acordaria com um sorriso no rosto e viraria pro lado falando 'oi, minha menina, oi'. Ninguém. Ninguém era você e ninguém era você. Sei que fazem alguns meses.

Ainda dói.
Ainda vou ficar nessa posição fetal por mais alguns dias.
Ainda vou pensar em você.

Agora eu vou tomar um banho, porque eu preciso e nem lembro a última vez em que fiz isso, porque no chuveiro vou ter mais tempo pra digerir você. Com a água caindo no meu rosto eu posso chorar um pouco mais. Cansei por agora. Vou parar de escrever.

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